segunda-feira, 29 de junho de 2009

sertão


noite do bailarico
a fatia de maçã mais fina do mundo

marga
um medo

ravel e ellie

marga a cavalo
music is the most high
peitricia
particulinhas

fê e irapa




lá atrás dimitri e barbara
pedro

a chegada às 5 da manhã

bom dji mais :)

o sertão é qualquer coisa para se explicar.. éramos para ir 3 dias, ficámos a semana toda. não há rede na região inteira mas nem sequer nos lembrámos, havia muriçocas a rondar as redes, sapos na banheira, cavalos brancos (so if you wanna ride... não resisti ;), burros em apuros, galinhas, patos e essas coisas de quinta vá.. e nós.

chegámos às 5 da manha de domingo - eu, a marga, a barbara, a patrice (gosto mais de lhe chamar assim), o pedro, a fernanda, o ravel, a ellie e o irapa - e lá estavam à nossa espera a dona amélia e o senhor paulo, já acordadinhos para nos receberem com o café da manhã. "a fazenda parece que está no meio do lost" ahah, pensou logo a irmandade improvisada (nos maravilhosos tempos mortos, três alminhas de nome sertanês peido, ba e inei, iam sorrateiramente para um quarto qualquer ver o seriado tão empolgante). montanhas verdes rodeiam a vivenda, que acorda mesmo à beira do lago de nome que eu nunca consegui fixar, e a casa é toda rodeada por um telheiro onde se espreguiçam coloridas redes, tãaao bom.

estava eu a dizer, chegámos! prontos a passar um granda são joão no sertão. e o que fazer? pois as ideias eram muitas, todas postas em prática logo pela manhã com a fernanda a contagiar o acordar:

> andar de mota - o que se torna uma viagem a dar pro estoica com os irmãos mais novos do irapa, ravel e dimitri, a conduzir como se não houvesse amanhã. todos acabámos por andar, ora pela vila (que nos olhava cm se fôssemos feitos de ouro, a senhora que estava a empacotar as compras no super, mesmo colada a mim, estava virada para mim só a olhar, cm se eu fosse um ecran, eu olhava para ela e dizia "oi" e ela ria e continuava a olhar...), ora a abrir pela estrada alcatroada, ora com emoção pelos trilhos de terra nos montes.

> ir aos Cabrais, um grande conjunto de pedras com ar lunar só visitáveis por lunáticos como nós (eu estava cheia de medo, elas eram realmente enormes e escorregadias, com buracos e grutas por onde ia passando a água)

> dançar a quadrilha (uma dança popular em pares tipo mulheres de um lado e homens em frente e depois junta-se a malta toda em roda a trocar de pares consoante os desígnios do narrador) na noite de são joão com a família toda reunida em volta de uma grande fogueira

> jogar às cartas e ao lobo, ver um filme tuga projectado na parede da casa, todos sentadinhos debaixo das estrelas que quase tocam de tão brilhantes que são, dançar! partilhar as camas e as redes e dormir sem pressas, conversar e rir hummm

afinal agora que estou a escrever, o sertão, mais do que uns quantos parágrafos organizados por temas e festividades locais, parênteses e piadinhas a tentar resumir emoções, o sertão faz lembrar um conjunto de flashes tipo assim:

> a barbara às cavalitas da ellie para passar a zona da relva à noite, com medo dos sapos malvados que a perseguiam

> a fê a cantar "só alegriaaaa, só alegriia, só alegria, chocolate pras crianças, manter a cabeça fria e os pés dentro d'agua" e a tocar a pandeireta com um sorriso rasgado nos lábios

> uma tarântula no meio de um percurso que fizemos

> as meninas a dançar música marroquina em roda e depois todos a dançar booka shade e até james holden..

> os belos e complexos diálogos do Call Girl, filme criteriosamente escolhido para a noite do cinema ;)

> as gargalhadas descontroladas à mesa, quando estávamos a preparar a salada

> a dona amélia e os seus pequenos almoços com tapioca, mel, ovo mexido, leite acabado de vir da fonte, natas do leite (quem é que raio come as natas do leite!?), frutas e algumas coisas que permaneceram indecifráveis até ao fim..

> a marga de chapéu de vaqueira na cabeça

> os abraços da ellie

> (ah! o lago chama-se assude)

> a mãe do irapa a dançar com a vassoura http://www.youtube.com/watch?v=Y1AgjE1d6t8 e nós depois a criar letras alternativas..

> a dança dos pés algures no meio de uma noite com a patrice e o irapa e eu

> caxaça com mel e limao espremido

> xiii aquela música da S.O.J.A do true love e pararmos na berma para dançar um bocado a meio do caminho de volta

> o avô aos tiros ao ar, na noite de são joão

> toda a gente a chamar peido ao pedro :)

e assim..

foi fixe!

terça-feira, 16 de junho de 2009

natal










ahahah



Cabelos ao vento e mãos bem seguras. Natal foi feita para andar de buggy! A cidade fundada no dia 25 de Dezembro de 1599 é conhecida pelas suas dunas, lagoas e praias, só visitáveis “com emoção”. A bordo de um automóvel a fazer lembrar o cruzamento entre o carro de golfe e a moto4 – leve, aberto e de pneus largos próprios para terrenos arenosos –, embarcamos numa viagem digna de filme do deserto do Sahara, até Genipabu.

Do outro lado do rio Potengi, no município de Estremoz, fica Genipabu, onde o dourado das dunas se torna contagiante. Guiados por um bugueiro (que deve ser credenciado na Setur, Secretaria de Turismo de Natal), hoje é um dia de emoções fortes. Descer e subir as dunas a grande velocidade, fazer curvas radicais e avistar a lagoa de Genipabu e, mais ao fundo, o mar, do cimo da maior duna, é qualquer coisa de fantástico.

A certo ponto no caminho, deparamo-nos com um rio demasiado largo para atravessar. Como vamos fazer? Eis que começam a chegar à nossa margem jangadas de madeira que nos asseguram a travessia. Os buggies parecem dançar por cima da água transparente. Embarcações flutuantes debaixo desse sol que ferve sem pudor.

A meio do passeio, paramos numa lagoa, retida entre as dunas, onde se pode dar um mergulho ou beber um suco natural com os pés dentro de água. Plácidas cadeiras e mesas quase bóiam de tão perto que estão da lagoa. É um bom sítio para retemperar as forças e ver como saíram as fotografias tiradas em movimento.

Mais adiante, outro pedaço de mar ficou retido no meio das dunas. Uma concentração de pessoas chama-nos à atenção: aqui faz-se “esquibunda”, ou seja, os interessados descem as dunas em cima de pranchas de madeira até alcançar a lagoa. E porque não? Um fotógrafo profissional captura o momento da descida, que depois é uma boa lembrança para levar para casa.

Com um sorriso rasgado de adrenalina, chegamos à lagoa de Jacumã. Rodeada de mata atlântica, esta lagoa é maior do que as outras e um bom ponto de paragem na viagem. A lagoa é alcançada por meio de um mecanismo de descida composto por cabos de cordas com roldanas, que prendem uma espécie de cadeirinha de pano. Qual foi o nome dado a esta actividade? “Aerobunda” como não podia deixar de ser! O “abrasileiramento” deste desporto (slide) é tão cómico como divertido. No final da descida, um carro de quatro cadeiras ligado a um gerador, tal e qual como em estâncias de ski, puxa as pessoas de novo para o cimo da duna.

Os passeios podem ser "com ou sem emoção". Os primeiros significam velocidades mais altas e manobras mais radicais, mas mesmo os passeios ditos "sem emoção" (o buggy vai mais lentamente e o condutor evita surpresas) valem a pena pela paisagem que daqui se desfruta.

O roteiro mais comum sai de Natal, passa pelas dunas de Genipabu e pelas lagoas de Pitangui e segue até às dunas douradas de Jacumã. Há outros passeios que podem ter como destino final Cabo de São Roque, Touros ou Galinhos; ou ainda os que percorrem o troço de Natal a Pipa. A jornada mais radical vai de Natal a Fortaleza (só ida), em quatro dias de viagem, com paragens para dormir.
Que viagem!

Tás a ver? gabriel o pensador

Tás a ver a vida como ela é?
Tás a ver a vida como tem que ser?
Tás a ver a vida como agente quer?
Tás a ver a vida pra gente viver?

Nossa vida é feita
De pequenos nadas

Tás a ver a linha do horizonte?
A levitar, a evitar que o céu se desmonte
Foi seguindo essa linha que notei que o mar
Na verdade é uma ponte
Atravessei e fui a outros litorais
E no começo eu reparei nas diferenças
Mas com o tempo eu percebi
E cada vez percebo mais
Como as vidas são iguais
Muito mais do que se pensa
Mudam as caras
Mas todas podem ter as mesmas expressões
Mudam as línguas mas todas têm
Suas palavras carinhosas e os seus calões
As orações e os deuses também variam
Mas o alívio que eles trazem vem do mesmo lugar
Mudam os olhos e tudo que eles olham
Mas quando molham todos olham com o mesmo olhar
Seja onde for uma lágrima de dor
Tem apenas um sabor e uma única aparência
A palavra saudade só existe em português
Mas nunca faltam nomes se o assunto é ausência
A solidão apavora mas a nova amizade encoraja
E é por isso que agente viaja
Procurando um reencontro uma descoberta
Que compense a nossa mas recente despedida
Nosso peito muitas às vezes aperta
Nossa rota é incerta
Mas o que não incerto na vida?

Tás a ver a vida como ela é?
Tás a ver a vida como tem que ser?
Tás a ver a vida como agente quer?
Tás a ver a vida pra gente viver?

Nossa vida é feita
De pequenos nadas

pipa





“Pipa é perfeita”, diz Danilo, sentado na areia, braços cruzados sobre os joelhos, com os pés a serem engolidos a cada onda que se aproxima. O sol está a fugir para trás da falésia e por hoje o surfista resolve dar descanso às ondas. Danilo vive em João Pessoa, mas todos os fins-de-semana que pode, passa-os aqui. Ele e muitos outros surfistas das cidades próximas e nem tão próximas. Protegida por falésias avermelhadas e com mar mais forte do que as típicas “piscinas” nordestinas, Pipa é uma praia diferente, onde se misturam pessoas de todo o mundo.

A cidade a 80km a sul de Natal vibra um ar jovem e internacional desde a década de 1980, altura em que hippies e surfistas se começaram a interessar pela ecologia então plenamente preservada desta costa de falésias imponentes. As notícias sobre as maravilhas de Pipa foram-se espalhando (conheça os 16 trilhos abertos ao público do Santuário Ecológico de Pipa), estradas foram abertas e novos turistas chegaram, sendo que a partir da década de 1990 se experimentou um rápido surto de crescimento na cidade que ainda hoje concentra a actividade económica no turismo.

A praia de Pipa, a mais próxima do centro, é a que dispõe de melhores infra-estruturas e costuma estar mais cheia, sobretudo na maré baixa, quando grandes piscinas de água morna surgem entre os recifes. Para sul, está a pacata praia do Amor, cuja faixa de areia parece formar um coração. Mas imperdível mesmo é a praia do Madeiro, que corta a respiração de quem a alcança pela primeira vez. Encravada entre o vermelho das falésias, esta praia só se alcança por umas estreitas e rudimentares escadas de madeira, escondidas entre a abundante vegetação. Uma vez cá em baixo, 30 metros de areal ficam reservados a um grupo mais restrito.

Pausa para respirar. Ainda de pé, sem jeito, contemplamos a praia. Olhamos para um lado e para o outro. Mata atlântica, guarda-sóis do barzinho que serve a praia, areia a roçar o mar e, lá ao fundo, umas ondas brancas peculiares. De repente, toda a gente se levanta a apontar para o horizonte: “Estão ali, estão ali!” – golfinhos. A melhor forma de os ver mais de perto é fazer um passeio de barco, que, geralmente, inclui parada para mergulho. Nesta praia também há aulas de surf para principiantes, com o divertido mote: “Se ao fim de meia hora não se conseguir pôr em pé em cima da prancha, não paga!” garantem os sorridentes profissionais.

A esta hora o Danilo já deve estar à nossa espera. Combinámos uma incursão detalhada pelos meandros a vida social pipense, para o crepúsculo. Quase tudo se concentra na Avenida Baía dos Golfinhos, uma rua rudimentar a subir a falésia. E esse “tudo” vai desde lojas de artesanato, a restaurantes de cozinha internacional e bares cosmopolitas. Quem, a esta altura, já estava farto de ouvir forró na rádio, em qualquer esplanada ou mesmo nos carros dos vendedores ambulantes da praia, tem razões para sorrir. Como se vinha a adivinhar, esta cidade é conhecida pela diversão nocturna mais europeia. Do criativo Tapas, de inspiração espanhola, ao Camamo, um restaurante de fusão com jantar iluminado por tochas; do bar marroquino Aladin Chill Out Lounge, ao Oz, um espaço com DJs ao vivo todos os fins-de-semana, até à concorrida Boate Calangos – muito há para ver e fazer pela noite dentro.

joão pessoa






João Pessoa foi inesquecível. Nunca pensei que um mês pudesse passar tão rápido...

Aqui ficam alguns fragmentos de estilhaços de estrelas que eu juntei:
Os amigos da minha irmã.
A feirinha ao jantar.
Os rodízios de pizzas, de sopas e de gelados em português.
Os vendedores de CDs e DVDs piratas com música (=forró) aos berros pelo calçadão e pela praia.
Começar o dia a torrar na areia e a ler Mia Couto.
As noites da casa do Irapa.
A vitória do Brasil contra os EUA com o empolgante desfecho no centro comercial (apanharam dois homens que estavam a tentar assaltar a caixa multibanco).
O mercado de frutas e seu característico cheiro putrefacto.
O hotel-nave-espacial Tambaú.
Os rapazes a jogar Playstation ambulante no passeio.
O mini - praticamente inexistente - mas muito colorido centro histórico.
A universidade da Marga, onde cabia na boa Louvain-la-neuve inteira.
A praia dos Couqueirinhos com a família e os pequenos-almoços na pousada dos pais.
O dia da Mulher em casa da Fê, com almoço vegetariano, sessão de Sexo e a Cidade, dança e converseta.
Correr no calçadão.
Os escritos religiosos nos vidros dos carros.
O pôr-do-sol em Jacaré, com o caricato Jurandy do Sax, a tocar o Bolero de Ravel no saxofone, numa barca pelo rio (procurem no youtube :).
Tapioca de pizza, açaí com frutos secos, coka em vez de cola, suco de abacaxi e limão ou laranja e goiaba ou caju e maracujá, e no topo do bolo caipirinha para bebericar devagar.
Tardes inteiras de praia e todos a correr para a água quando começa a chover.
Fazer swing poi no crepúsculo! Com a minha professora particular, a Bárbara
Acordar com a Margarida
Hummmm obrigada ;)

Sunset, nitin sawhney

If I were never to leave you
If I were always alone
If I would never to see you
If I could set the sun
(If I could set the sun)

Keep moving
Keep changing
Keep flowing in the sun
Lovers rise
Oceans rise
People rise in the sun

recife e olinda






Subindo ao longo da costa, chegamos a Recife e a Olinda, cidades-gémeas nascidas no período colonial. Com os ávidos avanços e retrocessos de portugueses e holandeses, estas duas cidades vêem as suas histórias entrelaçadas. A capital do estado de Pernambuco começou por ser um povoado que existia apenas em função do porto e à sombra da sede em Olinda – local onde a aristocracia portuguesa escolheu residir, devido à sua localização estratégica (1537). Com a posterior ocupação holandesa (1630), os papéis invertem-se, passando Recife a ser o centro das decisões. 24 anos passados, os portugueses retomam o poder, que volta a subir a encosta. Finalmente em 1837, Olinda, já livre de donos indecisos, perde de vez o título de capital para o Recife.

Hoje com uma área de 217,494 km² a albergar 1 milhão e meio de pessoas, Recife ganhou proporções gigantescas. Arranha-céus polvilham os 95 bairros da capital que foi considerada a mais perigosa do Brasil. Mas vale a pena não perder de vista os 20 km de areal, com a praia da Boa Viagem a fazer as honras da casa.

Esta praia urbana lembra as telenovelas brasileiras, com a pista de jogging do calçadão a chamar por pés atléticos. O ideal é aproveitar o mar apenas na maré baixa e nunca ultrapassar a barreira de recifes, já que os tubarões costumam preferir estas águas mornas para os seus passeios furtivos, quando a maré enche.

Depois do almoço (nosso, não do tubarão), apetece uma visita ao Centro histórico, também conhecido como bairro do Recife, onde se situa o porto, outrora tão defendido pelos holandeses. Na Praça Barão do Rio Branco, ou Marco Zero, uma rosa-dos-ventos desenhada no chão assinala o ponto inicial das estradas de Pernambuco. Ao olhar em redor, somos transportados para os anos vinte, com as fachadas do Instituto Cultural Bandeque, da Associação Comercial do Recife e da Bolsa de Valores a lutar pela nossa atenção.

Mas está na hora de subir o monte que nos tem prendido a curiosidade o dia inteiro. Lá do alto, a olhar para as águas cortadas por recifes da praia da Boa Viagem, a cidade de Olinda funciona como um miradouro natural. É um bocado redundante dizer que esta vista ganhou o apelido de Património Cultural da Humanidade (Unesco 1982). É deslumbrante.

Entretanto o caminho faz-se íngreme, com as pedras da calçada portuguesa a fazer o desafio crescer. Olinda pintou o seu valioso casario colonial de cores vivas. As ruas são pitorescas e alegres. Do ponto mais alto, o Alto da Sé, vêem-se pequenas casas coloniais que foram semeadas entre altos coqueiros e mangueiras frondosos, de onde saltam as torres das inúmeras igrejas.

No entretanto, passámos pela feira de artesanato que se estende até à Sé, com especial destaque para o Sítio das Artes (Rua Bispo Coutinho 780), uma casa que chama à atenção pela fachada grená vivo e reúne madeiras trabalhadas, quadros e artesanato da região. “Amou daquela vez como se fosse a última. Beijou sua mulher como se fosse a última. E cada filho seu como se fosse o único...”. Focámos de repente a nossa atenção: a voz de Chico Buarque chama de um dos restaurantes simples bem ao lado da Sé, lugar perfeito para uma cerveja gelada, acompanhada de queijo coalho assado ou tapioca com coco, duas especialidades da cidade das igrejas portuguesas primorosamente caiadas de branco entre a contagiante vegetação tropical.