terça-feira, 16 de junho de 2009

porto de galinhas








O nome da vila piscatória onde começámos a nossa viagem faz-nos submergir a histórias passadas de barcos, passageiros e destinos tempestuosos, que quase perturbam a serena paisagem que daqui se pode avistar. “Tem galinha no porto!” seria a expressão usada para referir as embarcações de escravos que, arrancados da sua terra natal, chegavam ao novo continente em forma de metáfora, depois a proibição do seu tráfico (Lei Eusébio de Queirós, 1850).

Hoje as embarcações à beira mar são outras, com destinos mais felizes. A actividade mais popular da região é a visita às piscinas naturais – conjunto de recifes de corais que pode ser avistado quando a maré esvazia, a poucos metros do areal. Estes recifes albergam ouriços e várias espécies de peixes coloridos, que nadam intrépidos por entre os visitantes. Se lhes atirarmos comida, os pequenos nadadores vêm quase comer à nossa mão e podemos seguir-lhes o rasto por entre os caminhos cristalinos que se abrem nos corais. Várias jangadas de madeira asseguram a travessia (10R, inclui óculos de mergulho e alimentação própria para peixes).

À beira da água azul esmeralda desta praia também se fazem anunciar vendedores de artesanato local e todo o tipo de geleiras ambulantes: “Queijo frito com orega”, “Coketel de fruta”, “Côcada frita”, camarão temperado a alho e azeite ou água e Skol geladas para quem quiser. Apetece ficar a tostar numa das esplanadas do areal, sem fazer mais nada a não ser aceitar ou declinar os produtos que nos vêm vender à mão.

Depois acontece a tarde e resolvemos dar uma volta pela vila, que se concentra na Rua da Esperança. Este centro é plano e basicamente rectilíneo, o que ajuda ao passeio. A Esperança começa numa rua com carros que depois se transforma em pedonal, terminando na Praça das Piscinas Naturais, em frente à praia. Por aqui encontramos cafés, restaurantes e lojas de artesanato. Sempre cheio, o Caldinho do Cláudio é o ponto de encontro dos locais. Do outro lado da rua, A Picanha do Tio Dadá chama à atenção pela música ao vivo. Mas as opções são muitas, basta passear de um lado para o outro sem pressas, enquanto se descobrem as novas galinhas desta vila – esculturas de galinhas coloridas feitas com troncos de coqueiro.

Com a lua já no alto, os “moleques” reúnem-se na praia, agora deserta, para jogar à bola. Estes vendedores desembaraçados são de novo a crianças e a vila retoma a sua harmonia.

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