terça-feira, 16 de junho de 2009

pipa





“Pipa é perfeita”, diz Danilo, sentado na areia, braços cruzados sobre os joelhos, com os pés a serem engolidos a cada onda que se aproxima. O sol está a fugir para trás da falésia e por hoje o surfista resolve dar descanso às ondas. Danilo vive em João Pessoa, mas todos os fins-de-semana que pode, passa-os aqui. Ele e muitos outros surfistas das cidades próximas e nem tão próximas. Protegida por falésias avermelhadas e com mar mais forte do que as típicas “piscinas” nordestinas, Pipa é uma praia diferente, onde se misturam pessoas de todo o mundo.

A cidade a 80km a sul de Natal vibra um ar jovem e internacional desde a década de 1980, altura em que hippies e surfistas se começaram a interessar pela ecologia então plenamente preservada desta costa de falésias imponentes. As notícias sobre as maravilhas de Pipa foram-se espalhando (conheça os 16 trilhos abertos ao público do Santuário Ecológico de Pipa), estradas foram abertas e novos turistas chegaram, sendo que a partir da década de 1990 se experimentou um rápido surto de crescimento na cidade que ainda hoje concentra a actividade económica no turismo.

A praia de Pipa, a mais próxima do centro, é a que dispõe de melhores infra-estruturas e costuma estar mais cheia, sobretudo na maré baixa, quando grandes piscinas de água morna surgem entre os recifes. Para sul, está a pacata praia do Amor, cuja faixa de areia parece formar um coração. Mas imperdível mesmo é a praia do Madeiro, que corta a respiração de quem a alcança pela primeira vez. Encravada entre o vermelho das falésias, esta praia só se alcança por umas estreitas e rudimentares escadas de madeira, escondidas entre a abundante vegetação. Uma vez cá em baixo, 30 metros de areal ficam reservados a um grupo mais restrito.

Pausa para respirar. Ainda de pé, sem jeito, contemplamos a praia. Olhamos para um lado e para o outro. Mata atlântica, guarda-sóis do barzinho que serve a praia, areia a roçar o mar e, lá ao fundo, umas ondas brancas peculiares. De repente, toda a gente se levanta a apontar para o horizonte: “Estão ali, estão ali!” – golfinhos. A melhor forma de os ver mais de perto é fazer um passeio de barco, que, geralmente, inclui parada para mergulho. Nesta praia também há aulas de surf para principiantes, com o divertido mote: “Se ao fim de meia hora não se conseguir pôr em pé em cima da prancha, não paga!” garantem os sorridentes profissionais.

A esta hora o Danilo já deve estar à nossa espera. Combinámos uma incursão detalhada pelos meandros a vida social pipense, para o crepúsculo. Quase tudo se concentra na Avenida Baía dos Golfinhos, uma rua rudimentar a subir a falésia. E esse “tudo” vai desde lojas de artesanato, a restaurantes de cozinha internacional e bares cosmopolitas. Quem, a esta altura, já estava farto de ouvir forró na rádio, em qualquer esplanada ou mesmo nos carros dos vendedores ambulantes da praia, tem razões para sorrir. Como se vinha a adivinhar, esta cidade é conhecida pela diversão nocturna mais europeia. Do criativo Tapas, de inspiração espanhola, ao Camamo, um restaurante de fusão com jantar iluminado por tochas; do bar marroquino Aladin Chill Out Lounge, ao Oz, um espaço com DJs ao vivo todos os fins-de-semana, até à concorrida Boate Calangos – muito há para ver e fazer pela noite dentro.

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