sexta-feira, 10 de julho de 2009

um encontro com o meu avo no peru







Novo dia nova aventura, a bordo do mini bus: Lima tem a particularidade alucinante de estar sempre a abarrotar de carros, a qualquer hora do dia. Sao avenidas infinitas, de combies (paes de forma onde cabem 20 peruanos apertadixos), poluiçao e buzinas. Porque aqui nao ha sinais de luzes, p’ra que, quando se tem a buzina tao à mao? Aqui buzina-se uma vez para avisar que vamos ultrapassar, duas quando estamos a ultrapassar, três para agradecer / reafirmar que se é mais rapido do que o outro, 4 para dizer ‘hola como estas?’, 5 quando o dia até está a correr bem, 6 quando se encontra um vizinho, 7 quando se encontra um amigo que nao se via ha bue, 8 quando nos esquecemos de comprar os amendoins ao menino que vai por entre as faixas, 9 para dizer que estamos a gostar dos malabarismos com fogo no sinal, 10 quando estamos aborrecidos e para ver se ele se manca e começa a aprender truques novos :) Sinais é para meninos!

“Vai para aqui um chinfrim”, apetece comentar para o lado, mas ninguem ia perceber, até porque a musica dentro da combie vai alta e o senhor porteiro (ha um senhor que vai sempre em pé com a porta aberta a aliciar transeúntes incautos para a travessia e que bate na parede de fora do carro para o condutor parar ou arrancar) nao parece que se vai cansar de gritar “Arequipa Arequiiiipa Arequipaaaa” – a avenida do tao aguardado destino. Mas enfim, só de escrever isto os meus ouvidos ressentem-se ligeiramente e descruzo as pernas num dos bancos da Praça das Armas, no centro histórico.

É uma da tarde e combinei encontrar-me aqui com o Daniel, um alemao que conheci ontem atraves do couchsurfing (ele está hospedado em casa de um amigo da minha host Giselle) para deambularmos em ingles por aí. Depois de apreciar a praça com a imponente Catedral e os edificios administrativos vestidos de amarelo e pedra trabalhada a saudar o mundo, abro o livro de poemas que o Marco ontem me deu (esta história também é linda, mas conto melhor depois: conheci um italiano super fixe numa passadeira, quando esperávamos que algum carro se lembrasse de nos deixar passar, claro que passaram uns 15 minutos até o transito estar totalmente parado e passámos entre dois carros :). Mal abro o livro oiço uma voz extrañamente familiar.

Meu deus! Olho para cima e vejo que um senhor veio ter comigo que eu podia jurar ser o meu querido avo Carlos num universo paralelo :). Até me arrepiei, de óculos grandes e amarelados, casaco de malha e cabelos brancos, ele olha muito atento para mim e pergunta-me num ingles fluente de onde sou. “Portugal, what are you doing here alone?”. Estou à espera de um amigo alemao, digo-lhe eu. “Ah, european people are ponctual! He must be coming really soon” diz sorrindo. Diz-me depois para ter cuidado com os carteiristas, que a esta hora já me viram aqui sozinha. Diz-me para ter cuidado várias vezes e reparo que usa um anel no mesmo dedo que o meu avo. Vai mais adiante um pouco chamar à atençao de um dos policias que está na praça para cuidar de mim. Manda-me beijinhos e despede-se, eu agradeço e quando ele se vira quase que podia jurar que era mesmo o meu avo Carlos :) que momento tao bonito

3 comentários:

  1. Inoocas :) então, ainda te demoras? deixei o almoço ao lume quando foste embora, já deve tar quase pronto. Esta miúda nunca chega a horas a lado nenhum, raio de coisa :p ayahuascas? saudades ao sol da esplanada* beijinho bom

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  2. Estive a falar com a Kate sobre o facto de associarmos "peru" a um pais do lado de lá, enquanto ali na GB associam "peru" a um país do lado de cá. Tudo porque pensamos em ti. :)

    Beijinho

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  3. Estou de lagrimita no olho :) Quanto às buzinadelas..para não te desabituares..vou esperar-te ao som de 11 :)
    saudades..muitas e beijos milhões

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