segunda-feira, 3 de agosto de 2009

dia 10




Bom dia! Hoje é o último dia das comidas selváticas! Fim do arroz e da quinoa sem sal, das bananas assadas, do peixinho (nao é um termo carinhoso, era mesmo pikeno) assado, da aveia nojenta que nunca consegui comer e da rica galinha que comemos uma vez! Fim do chá de Bobinsana, uma planta que nasce à beira rio e que, por ser invulgarmente flexivel, nunca é destruída pelas maiores tempestades e inundacoes (o xama acredita que somos o que comemos e que esta planta nos torna assim mais flexíveis e enraizados, para além de nos dar bons sonhos).

Gostei de comer no meu tamboo, sentada no final da cama a olhar o rio, ou com as meninas na praia da Vanda – oh minha wendita, amiga de outras viagens! Teve piada comer só com colher e partir o peixe à mao, qual gato que se delicia até com as escamas estaladicas.

Soube bem adormecer por baixo do mosquiteiro branco, na minha parca intimidade e refúgio, com toda a selva em sinfonia do lado de lá.

Adorei o ar puro, o cheiro a vela, as leituras sem pressa na cama de rede, os passeios a descobrir plantas todas diferentes – parte da grande e sábia farmacia natural que é a selva –, as conversas e descobertas com os meus novos amigos, partilhas de estórias, sentimentos e experiencias, e last but certainly not the least, ver como sou forte e resistente e delicada e alegre, nesta viagem à selva amazónica e à selva inesónica ;)

Para a quinta e ultima cerimonia, levo a intencao especial: tal como o meu corpo está limpo e “desentumido”, agora vou observar a minha mente e permitir-lhe mais clareza.

“May the love we share
spread it’s wings,
fly across the heart
and bring new joy
to every soul that is alive.

Assalamaleico, Assalamaleico.
Assalamaleico, Assalamaleico!”

POEMA DA FAMILIA

Mae,
Mae, minha querida
Gosto muito muito muito de ti
Lua das estrelas
A minha terra.
Como estás?
Tenho tantas saudades, mae
Como és corajosa
Em deixar-me ir para longe.
Quero tanto abracar-te
Amanha é o último dia
Nao me importa o fim dos mosquitos, da comida, dos banhos sem champoo.
O que mais quero é pegar no telefone
E ouvir a tua voz.
Dizer como estou bem
E que jà estou mais perto de voltar para casa.
Saber como estàs?!
Pai,
Papi cacamon mèmè dos “humhum” ao jantar
Que saudades das sobrancelhas levantadas
E de adormeceres no sofà e da viola na cama
E de ti todo por inteiro
Obrigada por tudo.
Margaridinha
Meu anjo
Meu bolinho de arroz
Meu acaì.
Tenho tanto orgullo em ti
E no ser luminoso que vejo sempre a crescer em ti,
Agora somos parceiras da vida,
Minha irma que dancas tao bem,
Olhos fechados e caracois a brilhar à lua,
Ritmo do mundo
A pulsar no teu sentir.
Janeca janeca janekini janekililixa!
Ai meu amor
Morro de saudades
Dà-me um abraco
Principezinho da tètè e das ineses.
Dà-me um abraco e danca comigo
Os 2 nas nossas malukisses à luz das velas.
Ès lindo e eu sou linda por te ter perto de mim,
Quando voltar faco-te uma granda massagem,
Imensidao de massagem, exagero que atè enjoa de massagem
E festinhas no cabelo
(a todos!)
avò avò avò!
Ai ai ai que saudadinhas minha querida
Ai os almocos todos juntos e o teu riso facil
Como bela anfitria que ès
A melhor que eu conheco.
Sò me apetece dar-te um grande beijo
E contar-te uma estoria
Ou folhear uma revista,
Tu escolhes:
O importante è estarmos juntas.
Tià minha linda!
Como gosto da tua presenca
E do teu amor por todos nòs.
Ès o anjo da guarda da familia
Sempre a ver como estamos
E do que precisamos.
Minha queridinha.
Tio Zè!
Eheh tio zè do iukulèlè
Imagino-te neste rio de cà a construir uma barragem
E a conduzir a mais fantàstica brincadeira.
Meu tio e padrinho
Um grande beijo para ti
E para todos os teus, que tb sao meus.
Voces sao os meus mais que tudo
Mas ainda hà mais primos e tios e avo e amigos para celebrar.
Tenho mta sorte com a familia em que vim nascer.
Depois hà a outra,
A dos confins da terra e dos cruzamentos
Maravillosamente mirambulantescos do caminho.
Carlinhos
Kate louis tomèzinha
Meus irmaos para sempre
Como eu vos amo.
Mal posso esperar para vivermos os 3 juntos!
Mas tb…
Lio, hà quanto tempo meu amigo sem fronteiras
Peitricia minha amiga inesperada
Pedro e Bàrbara
Pedro das aventuras ainda por vir no meio do Pacìfico, minha coisa boa
Jim prelimpimpim das boas viagens
Goncalo e Filipa e Ema e Nuno e Andre e Zè, todos juntos a tocar piano e a falar frances
Laurinda meu bem
Claudia das cerejas no pescoco
Alexandra dos amores novelescos
Pedro e as tuas musicas magicas
Sara, Marta e Vania da escolinha
Carla, Paulina e Goncalo das noites trabalhosas mas sempre divertidas
Zè Petit Filou
Nadine e Vanda, minhas novas (antigas?) amigas que fui encontrar no meio da selva
Andre, meu grande amor
Luz, minha filha ainda por chegar.
Como vos amo a todos,
Que afortunada me saì
Que presente tao bonito que a vida me deu.

2 comentários:

  1. O teu poema é das coisas mais doces que alguma vez li..e tive que lê-lo entrecortadamente..deves imaginar porquê :) Que bom teres vindo nascer nesta familia..obrigada Inês por seres capaz de dizer o que sentes.Adoro-te

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  2. Adorei ler as tuas aventuras e a tua experiência fantástica pela selva! Fico feliz por te ter feito tão bem!

    Ah e adorei conhecer-te e me divertir ctg num país tão bonito como o Brasil! * :)

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