segunda-feira, 3 de agosto de 2009

dia 8




Hoje tive o meu primeiro sonho lucido – um sonho onde eu me apercebo de que estou a sonhar ;). Estava numa varanda a ver uma praca, a ver as pessoas e os afazeres normais dessa cidade (agora que finalmente passo isto para o pc vem-me à cabeca que a praca podia ser perfeitamente a Placa de Armas de Cusco! Que viria a conhecer uma semana depois), quando deixei por um momento aquela atitude observadora e me apercebi que era realmente eu que estava a observar e que era um sonho. Pensei: “boa, que divertido! Posso fazer o que eu quiser ;) e se tentasse voar desta varanda? Humm, isso é um bocadinho demais para o meu primeiro sonho lucido eheh.” Entao vi um cao branco felpudo que ladrava alto e corria a toda a velocidade para fora da praca e disse mentalmente: “pára” e ele ficou imovel. Depois imaginei que ele se virava e voltava para o sentido oposto, para dentro da praca, e foi o que aconteceu. Com a emocao de estar dentro de um sonho, precipitei-me (eheh gato fedorento) e acordei.

4ª cerimonia – intencao: observar cada parte do meu corpo e ver como tudo funciona harmoniosamente bem.

Na 4ª cerimonia, o D. José fez uma “cura individual” a seis de nós (ficando os outros seis para a ultima cerimonia), entre os quais eu :) No decorrer da noite, cada um à sua vez, fomo-nos sentar numa grande almofada no centro da roda e o D. José como que benzia-nos com sändalo (um pouco na cabeca, nas costas, no peito, nas maos e nos pés), o que cheirava lindamente. Depois, com um punhado de folhas secas juntas como um pequeno espanador, sacudiu-as vigorosamente na nossa cabeca e ombros. Ao mesmo tempo ia cantando ícaros de agradecimentos (à mae terra, ao retiro, à comida, aos animais, ao todo harmonioso). Por fim, o D. José expirou bafos de Mapacho (tabaco do Perú, completamente natural e usado para fins cerimoniais) nos mesmos pontos do nosso corpo, e assim ficámos envoltos numa nuvem de amor e pureza.

Senti-me óptima, forte, limpa e saudável. Com o crescendo destes sentimentos, cada um de nós vai sentindo a vontade / necessidade de participar mais na cerimónia. O Kalid toca flauta maravillosamente. O Pramod está a aprender e toca também. A Rya canta com uma voz que soa a inìcio do mundo. A Bianca acompanha-a. O Paulo entoa um cantico hebraico. Eu faco swing poi no centro, acompanhada pela guitarra do Artur e pelas palmas de todos. E a Nadine canta em russo e toca a bela sansula. As cerimonias estao cada vez mais cheias de arte e amor! Se todos participarmos, melhor ainda. E isso com tudo na vida. Sem medos ou vergonhas, cada um brilha com a sua partilha.

No final desta cerimonia, rebenta uma grande trovoada e todos nos aninhamos mais no centro da Maloca para nao nos molharmos, sentados e deitados nos almofadoes, a partilhar este momento único de selva em estado puro.

Vem-me à cabeca uma imagem que prometo escrever mal acenda uma vela no tamboo: como um certo alquimista uma vez descobriu, o tesouro que tanto procurava tinha estado sempre enterrado no seu próprio quintal. Aqui, deste lado do Atlantico, penso com alegria no meu tesouro, como cinco dedos de uma mao que se diverte a esticar ao maximo cada pedacinho de pele: os meus irmaos e os meus pais, cinco pontos de um mesmo centro.

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