segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Rinquia (terreno do xama D. Josè numa zona protegida da floresta amazònica), Pucallpa
11 dias sem espelho, sem telemovel, sem 4 paredes, sem amigos. Hoje cheguei à selva, a selva amazònica, aquela selva dos filmes e das estòrias de crianca; das febres amarelas, dos bichos e das aventuras mais radicais. Trago comigo uma mochila com roupas de verao, alguns livros, um mp4 com as minhas musicas preferidas, 11 futuros amigos a partilhar esta aventura e è quase tudo. Nao devemos falar mt uns com os outros, este è um “retiro espiritual”, um espaco sem tempo para podermos descansar o corpo e relaxar a mente, onde – para onde quer que olhe, como è incrivel! – tudo o que vejo è verde, verde vivo entre raios de luz e sombra, verde tao verde que assusta, verde que sabe a terra, lianas, rio que passa em baixo do tamboo, pedras, uma cascata, trilhos e escuridao.
Chegàmos! Depois de um almoco saboroso em conjunto na zona da cozinha (fazem parte desta estoria uma cozinheira e a sua filha / ajudante, 2 senhores que levam a comida e os chas aos tamboos – um deles tem 2 porcos de estimacao que julgam que sao caes e o seguem por todo o lado! –, 3 guardas que serao focos de luz que vem e vai entre os tamboos nas noites escuras, um musico e um xama), fomos escolher aquela que serà a nossa morada nos proximos dias de retiro. Varios tamboos se insinuam discretos entre a vegetacao. Uns mais elevados, outros mais proximos da agua, cada um com o seu encanto, todos à nossa espera. Vi todos. Queria ficar ao pè da Nadine, a minha compinxa imediata, mas alguem se adiantou. Fiquei com um tamboo onde depois a Rya me disse que 2 anos antes tinha estado uma jornalista a escrever um livro (que eu ja li).
Sao 4 cantos de madeira, um chao ligeiramente elevado do solo por estacas e um tecto de latao e colmo. Aqui "dentro" ha uma cama, um pequeno armario, um banquinho, uma mesa com um garrafao de agua e um copo. Vejo tudo. Observo o todo e gosto. È aqui :) È bonito! Mas precisa de umas limpezas minhas (claro!). Ha uma vassoura e tento varrer o chao que tem alguma terra. Ponho os sapatos todos fora e espalho a roupa na cama. Uma por uma, dobro as t-shirts e as calcas e empuleiro-as na estante. È quase um ritual, que me relaxa. Quando vou a encher o copo de agua, nao percebo mt bem o mecanismo a dar pro arcaico da tampa e entorno sem querer no chao. Melhor! Varro o chao com essa agua (e mais alguma), que fica mt melhor. Numa das "paredes" penduro o pano do Lio que, tal como o meu querido amigo belga sem fronteiras, viaja sempre comigo! Està a escurecer e acendo duas velas. Uma num dos cantos opostos à cama e a outra bem pertinho, para ler e escrever quando a noite chegar. Que linda que està a minha casa :) Amanha logo que houver luz tiro uma foto.
Deus meu... ao pousar a caneta olho em volta e tudo escureceu completamente. Agora sò vejo as àrvores mais proximas. O resto è imaginacao e sapos, mts sapos cantam mais em baixo no rio. Nao param e parecem que nem deram pela minha chegada. Ou serà que è por isso que divagam tanto? Algum companheiro/a toca flauta a acompanhar a musica inesperada. Tenho um pouco de sono, mas mta curiosidade. Amanha vou descobrir o melhor caminho para o rio. Depois uma banhoca (tenho de ver cm funcionam as tais folhas / shampoo). Tb quero explorar o rio mais para cima, pegar na Nadine e ir atè às cascatas là no comeco derretido por este sol equatorial. Acho que vou ter tempo para treinar o swing poi e, claro, escrever uma ou duas palavritas.
Veem aì luzes de lanternas: os compinxas dos tamboos mais afastados estao a chegar para irmos todos jantar... a ultima refeicao em conjunto...
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Linda Inês das bolas de luz que nos ajudavam a "aterrar"...
ResponderEliminarQuando vens?
Bjs
ana