segunda-feira, 3 de agosto de 2009

dia 7




As horas balancam elásticas comigo placidamente escorregante na cama de rede. Hoje é um dia luminoso de trovoada. Parece que a água limpa por dentro e por fora. No meu tamboo fico a ler a estória do menino Rampa do Tibete (um livro que a Bianca me emprestou, uma vez que já despachei os 3 que trouxe comigo – como se passa o mesmo com os meus compinxas, vamos trocando de paginas e letras, ao longo dos dias).

Hoje encontrei o meu instrumento! É uma sansula africana, de forma cilíndrica como uma pandeireta e com uns ferrinhos fininhos que tocados com os dedos criam um som melodioso e muito subtil, como uma caixa de música (eu que adoro desde pikena caixas de musica!) - http://www.youtube.com/watch?v=3WqfuywYpAw&feature=related. A Nadine vai dizer-me o site onde encomendou para eu encomendar tb!

No crepúsculo, cada dia se junta mais gente na prainha da Vanda para ver o espectáculo dos morcegos a voar rente à agua. É a esta hora que os animais todos da selva acordam. Eu levei o swing poi e fiz para todos verem ;) foi mt giro e depois tentaram todos. Amanha já prometi levar para fazer no final da cerimónia… já só faltam mais duas! E nestes pensamentos, o dia despediu-se e a noite mergulhou no silencio.

POEMA AMAZÓNIA

Noite de trovoada, a selva em peso acordou.
Nuvens movedicas de incenso e uma vela acesa,
Pernas cruzadas em cima das almofadas
Espalhadas em roda no chao.
Somos Budas sobre flores de lotus,
Quando as sombras desfocam os preconceitos.
Sorrisos espreguicam-se enquanto dancam
Ao ritmo dos canticos e das guitarras.
Verde e escuro e liberdade
A transbordar de um certo silencio fugidio que apetece tocar
Entre suspiros que nos mostram como a vida é bela.

“Quando for grande quer ser xama”
Disse o menino de olhos negros
Entre brincadeiras á beira rio.
“Para assim juntar a naturaza
De novo ao homem,
Com uma mistura espessa de terra e magia
Que nao os deixe nunca mais separados.
Unos para sempre,
Nesse jardim de flores e cores infinitas
Com a redondinha mae sobre os nossos pés.”

De repente,
Mesmo mesmíssimo como se fosse um sonho,
O menino esfrega os olhos uma e outra vez
Enquanto é levado a voar
Por uma legiao de borboletas divertidas.
Sao tantas
E tao diferentes,
Cada uma com uma estoria de amor para contar
Entre bateres de asa quase invisiveis
Mas impossiveis de esquecer.

A esta hora,
O menino já é quase borboleta
E sente cada particulinha de ar
Como se fosse sua:
“Mas esta vida é tao misteriosa!”
Soltou num grito
Que se transformou em mil outras borboletas novas.

Quando estava quase a chegar ao seu tamboo de madeira,
Os esvoacantes seres abrandaram o pulsar
Até escorregar na cama
Num deslizar perfeito, como um suspiro.
Logo o mosquiteiro branco aconteceu
E, abracado por esse manto leve,
O menino adormeceu luminoso
Com um sorriso
Do tamanho do horizonte.

1 comentário:

  1. os mosquiteiros são mt famosos no brasil!
    "um sorriso do tamanho do hrizonte" pra ti :)

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